sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Nomes do passado lamentam situação atual do futebol amador de Petrolina

Sem ser realizado há dois anos, o Campeonato de Futebol Amador de Petrolina tem deixado saudades naqueles que ajudaram a construir a história da tradicional competição. Pessoas como João Bosco de Farias, o popular Bosquinho, que há 35 anos atua como secretário da Liga Desportiva Petrolinense (LDP), do ex-árbitro Demazinho, que ao longo de meio século viu de perto os principais acontecimentos do esporte na cidade do sertão pernambucano, e do ex-jogador Juninho Petrolina, que antes de brilhar com as camisas do Sport, Vitória e ABC, fez a alegria dos torcedores do Vale do São Francisco. 
Bosquinho, futebol amador de Petrolina (Foto: Emerson Rocha)Bosquinho trabalha no futebol amador de Petrolina há mais de 30 anos (Foto: Emerson Rocha)
Secretário vitalício da LDP, como gosta de afirmar, Bosquinho sonha com a reestruturação do futebol amador de Petrolina. Ele acredita que com organização, o campeonato poderia voltar a dar alegria aos desportistas da região. 
– O tempo vai passando e o povo diz que aquele tempo era outro, mas não. Se você fizer um bom trabalho, pode voltar a ser como era nos anos atrás. É lógico que a gente não vai ter mais aquela grande quantidade de gente que tinha no América e Caiano no tempo passado, hoje seria impossível. Você olha o futebol profissional, Campeonato Brasileiro, com duas mil pessoas no estádio. Mas a gente ia alavancar se o América resolvesse voltar aos tempos que era, o Caiano, Palmeiras, a gente teria o futebol amador quase, não diria igual, aos dos anos 70. A gente teria um campeonato amador bem vistoso, com grandes jogadores. Antes, a gente tinha jogador que dava para fazer um time do Sport melhor do que esse que está aí, para disputar um Campeonato Brasileiro. 
Juninho Petrolina (Foto: Reprodução/ Globo Nordeste)Ídolo Sport, Juninho Petrolina brilhou no futebol amador de Petrolina (Foto: Reprodução/ Globo Nordeste)
Campeão do Centenário de Petrolina, com a equipe do 1ª de Maio, Juninho Petrolina atuou nas grandes equipes do futebol amador de Petrolina. Na visão do ex-meia, a falência do campeonato contribuiu para que novos jogadores da região deixassem de ser revelados para os clubes profissionais. 
– Nosso futebol amador faliu. Eu acho que com a chegada do profissional, tanto em Juazeiro quanto em Petrolina, o futebol amador entrou em decadência, foi morrendo, morrendo, até morrer de verdade. Os verdadeiros jogadores de futebol, são jogadores de rua. A coordenação motora é feita na rua. Com o desenvolvimento das cidades, esses campos foram se acabando e o futebol amador foi para o mesmo espaço. Com a chegada do profissional, jogadores amadores foram esquecidos. As pessoas esqueceram que os melhores jogadores foram feitos na várzea, nas ruas. A vaidade de alguns diretores, presidentes de clubes na nossa região, acabou sendo maior. Por isso que o futebol está do jeito que está na nossa região. Precisamos renovar o futebol, salvar. Salvando o futebol, a gente salva as crianças – opina Juninho.
Saudoso, com seus mais de 50 anos dentro do futebol de Petrolina, Demazinho credita o enfraquecimento do futebol amador à chegada do profissional. O ex-árbitro acredita que os amantes do futebol precisam se reunir para encontrar uma solução para o campeonato amador da cidade. 
Demazinho, futebol amador de Petrolina (Foto: Emerson Rocha)Ex-árbitro, Demazinho coleciona histórias sobre o futebol amador de Petrolina (Foto: Emerson Rocha)
– Precisa ter organização. Precisa do pessoal, os torcedores, virem ao estádio. Tenho muita tristeza quando entro nesse estádio e vejo o fracasso do estádio. Eu já vi esse estádio, quando eu apitava Caiano e América, cheio. A gente sempre dizia que quando o futebol profissional chegasse em Petrolina, o amador acabava. Infelizmente, os políticos de Petrolina não gostam do esporte. A gente tem que conversar para ver o que podemos fazer pelo nosso futebol. 
Enquanto essa união proposta por Demazinho não vem, o que resta são as lembranças da época em que o estádio Paulo Coelho, antes conhecido como Associação Rural, ficava cheio para ver os clássicos entre América, Caiano e Palmeiras. Responsável por organizar o campeonato, a LDP está sem presidente desde dezembro do ano passado. 
– Dá muita (saudade). Naquele tempo era bom demais. A gente ficava torcendo para chegar o domingo e vim para o estádio trabalhar. Era muito divertido. Aquela briga de torcida, aquela expectativa dos times entrarem em campo, as novidades, as contratações dos times. A gente ficava muito alegre. Dá muita saudade do futebol amador. Quem mandava aqui, tinha época do Caiano, período do Palmeiras e tinha o período do América. Sempre um querendo fazer melhor que o outro. Hoje em dia, esses três times estão aí. Só o América tem uma organização, tem uma sede movimentada, tem ainda um pessoal a frente. O Palmeiras tem uma sede, mas é parada e o Caiano, simplesmente, só tem o nome. Mas eu acredito que, se a gente fizer um grande trabalho, a Liga fizer um bom trabalho, a gente volta essas equipes novamente – acredita Bosquinho.
Fonte: site globoesporte.com/pe

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