Algumas histórias se destacam pelo pioneirismo e em outras pela emoção. Nesta caso, podemos assegurar que essa história possui os dois ingredientes. Em 1960, o futebol pernambucano seguia com as equipes da capital na Primeira Divisão, tendo como exceção de um time do Interior, a participação do Central de Caruaru no Estadual de 1937.
Essa exclusão tinha alguns elementos como a distância, os custos, a possível falta de interesse do público local em comparecer aos jogos, bons estádios, a precariedade dos municípios e um certo preconceito com os interioranos vistos sem a capacidade de montar times competitivos. Então, após a iniciativa das Ligas de Caruaru, Limoeiro, Vitória de Santo Antão, Olinda, Garanhuns, Escada, Barreiros, Belo Jardim, Pesqueira e Igarassu em mudar esse panorama.
O ‘primeiro divisor de águas’ foi montar uma comitiva para conversar com a Federação Pernambucana de Futebol (FPF). Após algumas reuniões, chegaram a um acordo para a realização do 1ª Copa do Interior de seleções municipais.
A primeira pergunta que vem a mente é: “O que esse tipo de torneio poderia revolucionar e abrir as portas para os clubes do Interior na Primeira Divisão?” A resposta, por incrível que possa parecer, era apresentar as cidades aos recifenses e, com isso, mostrar que as localidades tinham condições técnicas e de organizar grandes eventos em nível estadual.
A principio o torneio estava marcado para fevereiro de 1961, mas devidos aos preparativos dos dez municípios foi adiado, sem falta, para o mês de março. Ao longo de quase dois meses a 1ª Copa do Interior de seleções municipais foi um sucesso de público, renda e todos os municípios fizeram obras de melhorias em termos de estradas, hospedagem, deixando um legado não só para quem se deslocava para as cidades, mas para quem morava no local.
Após o final do torneio, diversos jogadores foram contratados pelos grandes clubes: Santa Cruz, Náutico e Sport Recife, comprovando que no Interior existia, sim, grandes talentos. Muito mais do que o sucesso da 1ª Copa do Interior de seleções municipais foi a prova cabal de que a partir daquele momento o futebol do Interior pernambucano, não havia mais nenhuma desculpa para se abrir as portas da elite do futebol pernambucano para os times de fora da capital.
O resultado concreto desta competição foi que a partir de 1961 até os dias de hoje, os times do interior fazem parte do Campeonato Pernambucano. Em 1961 e 1962 o Central de Caruaru esteve presente. Em 1963, o Central ganhou a companhia do Centro Limoeirense (Limoeiro).
Após a introdução do que foi a 1ª Copa do Interior de Seleções Municipais de Pernambuco e a Seleção de Caruaru se sagrando a grande campeã, segue agora os números deste torneio, entre preços dos ingressos, apoio das prefeituras aos selecionados, curiosidades, tabela completa, todos os times-bases das dez seleções, artilharia, entre outros
JOGO EXTRA (Domingo, 07 de Maio de 1961)
Caruaru 3 x 1 Limoeiro (árbitro: Sebastião Rufino), 15hs, no Estádio dos Aflitos, no Recife
Nº
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SELEÇÔES
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PG
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J
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V
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E
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D
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GP
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GC
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SG
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1º | Caruaru |
08
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05
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4
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0
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1
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11
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05
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06
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2º | Limoeiro |
06
|
05
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3
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0
|
2
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11
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08
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03
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3º | Vitória |
04
|
04
|
2
|
0
|
2
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07
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06
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01
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4º | Barreiros |
04
|
04
|
2
|
0
|
2
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05
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07
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-2
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5º | Igarassu |
00
|
04
|
0
|
0
|
4
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01
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09
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-8
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BARREIROS (Alvi-azulino): Ruton; Moreno e Sebastião; Bira, Dema e Hélio; Digandí, Vero, Arnaldo, Marinho e Lula. Técnico: Geraldo Jordão, o ‘China’.
BELO JARDIM: Tininha (Geraldo); Raposo (Ninha) e Aluizio; Wilson (Fernandes), Siqueira (Pinheiro) e Benedito (Cincinatto); Edmundo (Ruy), Marconi (Juvenal), Neco (Tide ou Zezito), Simão (Joel) e Garrincha (Missias).
CARUARU (Alviverde): Curau (Lessa); Berto (Tonho) e Airton (Pereira); Mariano (Da Silva ou Zé de Rita), Pereira (Araujo) e Alemão (Lala); Adriano, Felica (Adão), Maurício, Da Cunha (Arnould) e Pacheco (Maurílio). Técnico: Paulo Leal
ESCADA: Severino; Abraão (Mergulhão) e Amaury; Zezinho (Belarmino), Nelson (Deda) e Pedro Amâncio; Tonho (Ivo), Maurino, Testinha, Biu (Rubens) e Dimas. Técnico: João Cavalcanti de Oliveira
GARANHUNS (Alvirrubro): Waldemar; Môco e Déo; Zé do Cabo, Jucelo (Zeca) e Geraldo (Romildo); Milton, Biléu, Edval (Zezinho), Índio e Nelson (Zé da Chica).
IGARASSU (Alviverde): Gordo; Lenildo (Caranha) e Allan; Arturzinho, Airton e Laurito; Jurandir (Otoniel), Zau (Veloso), Nilton, Binha e Nilton II.
LIMOREIRO (verde, branco e vermelho): Eugênio (Ceminha); Badu e Espanhol; Juvenil (Bibiu), Nilson (Walmir) e Zeca (Osman); Tidão (José Bugério), Millton, Nelson, João Carlos Dadá (Vi) e José Silva (Rinaldo).
ARTILHEIROS
9 Gols - João Carlos (Limoeiro);
7 Gols – Vero (Barreiros);
6 Gols – Maurício (Caruaru);
4 Gols – Arnaldo (Barreiros); Alemão (Vitória); Zeca (Limoeiro);
3 Gols - Adriano, Da Cunha e Maurílio (Caruaru); Ivan (Vitória);
2 Gols - Nilton II (Igarassu); Alvinho (Olinda); Zé Bastos (Pesqueira); Digande (Barreiros);
1 Gol - Airton e Airton II (Caruaru); Maurinho (Barreiros); Neco e Tide (Belo Jardim); Ademir e Ataíde (Pesqueira); Ivo (Escada); Jurandir, Teodoro e Otoniel (Igarassu); Luis e Dedé (Vitória); Lela, Tidão, Walmir e Nelson (Limoeiro); e Índio (Garanhuns).
Gol Contra - Osman (Limoeiro) a favor do Vitória
RENDAS (TOTAL DE 23 JOGOS: Cr$ 1.277.825,00)
Limoeiro 4 x 1 Garanhuns Renda: Cr$ 34.900,00
Belo Jardim 0 x 0 Vitória de Santo Antão Renda: Cr$ 24.800,00
Pesqueira 2 x 1 Caruaru Renda: Cr$ 24.000,00
Olinda 2 x 3 Igarassu Renda: Cr$ 3.550,00
Barreiros 6 x 0 Escada Renda: Cr$ 6.090,00
Caruaru 2 x 1 Pesqueira Renda: Cr$ 132.370,00
Vitória 1 x 1 Belo Jardim Renda: Cr$ 61.805,00
Garanhuns 0 x 2 Limoeiro Renda: Cr$ 53.300,00
Escada 1 x 4 Barreiros Renda: Cr$ 10.230,00
Igarassu 2 x 1 Olinda Renda: Cr$ 5.040,00
Vitória 2 x 1 Belo Jardim Renda: Cr$ 39.900,00
Caruaru 3 x 1 Pesqueira Renda: Cr$ 34.850,00
Igarassu 1 x 3 Caruaru Renda: Cr$ 85.290,00
Caruaru - x - Vitória Renda: Cr$ 125.700,00
Barreiros 1 x 0 Igarassu Renda: Cr$ 13.180,00
Caruaru 1 x 0 Barreiros Renda: Cr$ 106.100,00
Vitória 1 x 2 Limoeiro Renda: Cr$ 71.300,00
Caruaru 2 x 3 Limoeiro Renda: Cr$ 157.085,00
Vitória 1 x 0 Igarassu Renda: Cr$ 12.125,00
Caruaru 3 x 1 Limoeiro Renda: Cr$ 204.320,00
ESTATISTICA
Além do sucesso da 1ª Copa do Interior de Seleções Municipais de Pernambuco em diversos aspectos, em termos de gols também não deixou nada a desejar. Afinal, foram 76 gols assinalados, em 23 jogos, o que corresponde a uma excelente média de 3,3 gols por partida.
VALORES DOS INGRESSOS
Para os jogos de Ida, foram cobrados, pelo ‘ingresso único’, 50 cruzeiros, sendo que nas cidades que existiam ‘gerais’ ou populares as mesmas custaram 40 cruzeiros. Para as cadeiras o preço foi definido em 100 cruzeiros.
Vale ressaltar que a ampla cobertura feita pelo Diário de Pernambuco que se tornou o elo de ligação entre a competição e os seus desfechos com a sociedade recifense, que passou a olhar o Interior com outros olhos.
FONTE: Diário de Pernambuco
Olá Carlos Amorim.
ResponderExcluirO uniforme e o escudo foi redesenhado por mim: Sérgio Mello e postado no http://cacellain.com.br/blog/
Redesenhar escudos e uniformes não é fácil.
O mínimo que eu gostaria é de receber os créditos!
Att.
Sérgio Mello